Álvaro Andrade
A Polícia Federal (PF) desarticulou nesta quinta-feira (31) uma quadrilha acusada de oferecer facilidades na liberação de obras privadas embargadas pelo Ministério do Trabalho. Participavam do esquema criminoso uma empresa de consultoria em segurança do trabalho e um auditor da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. A operação foi antecipada pois durante a investigação foi detectada a possibilidade do grupo cometer um atentado. Eles pretendiam provocar um grave acidente contra um auditor do ministério do Trabalho que não participava do esquema. A colisão seria provocada entre hoje e amanhã, na Free Way, para evitar que o servidor público embargasse uma construção em Gravataí.
Com funcionava a fraude
Após a interdição por falta de segurança no canteiro de obras, a empresa de consultoria oferecia rapidez na liberação e ainda protegia empreendimentos de novas interdições. Segundo a Polícia Federal, dezenas de obras privadas na grande Porto Alegre foram alvos da quadrilha, que afetou até mesmo empreendimentos particulares previstos para a Copa de 2014.
Os presos são o diretor da empresa acusada de gerir o esquema, um auditor e um servidor administrativo do Ministério do Trabalho. Na casa do auditor, os agentes recolheram R$ 55 mil em dinheiro vivo, que suspeitam ser oriundo da propina paga pela empresa de consultoria. Foram cumpridos ainda seis mandados de busca e apreensão, onde foram recolhidos computadores e documentos. A Polícia Federal ainda não tem estimativa de quanto a empresa faturou com o esquema, mas afirma que as propinas variavam de 3% a 5%.
De acordo com o delegado Aldronei Moraes, responsável pela investigação, as obras eram interditadas corretamente, por falhas na segurança dos operários no canteiro de obras. "No entanto, logo após a interrupção do canteiro de obras, a consultoria aparecia e oferecia a facilidade, alegando que tinha 'o caminho das pedras' para ajustar os problemas e levantar a interdição em tempo recorde", explica.
A empresa de consultoria não teve o nome divulgado, mas segundo a PF é uma das maiores do Rio Grande do Sul e atua há mais de 15 anos no ramo. "Percebemos que estavam expandindo a atuação para Brasília e São Paulo", detalha o superintendente da Polícia Federal, Sandro Caron.
Quadrilha contava com apoio de detetive
De acordo com a investigação, a quadrilha contratou um detetive que monitorava outro auditor do Ministério do Trabalho que não participava do esquema. ¿Eles iriam provocar um grave acidente na BR-290 para evitar que ele chegasse até a obra que seria embargada em Gravataí¿, segundo Moraes. De acordo com ele, a consultoria recebeu R$ 110 mil para auxiliar a empreiteira, que não sabia dos métodos do grupo. As três prisões temporárias foram deferidas pela Justiça e a Polícia Federal pretende indiciar o grupo por corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha. Novas prisões não estão descartadas.