Leandro Staudt
A prefeitura de Porto Alegre injetou R$ 21,6 milhões na Carris em três anos. O dinheiro foi repassado à empresa de ônibus em 2009, 2011 e 2012 como aumento de capital. A prefeitura tem 99,97% das ações da companhia, que fechou com balanço negativo nos últimos dois anos. O diretor administrativo financeiro e presidente em exercício da Carris, Vidal Pedro Dias Abreu, justifica a necessidade de repasse de verbas para renovação da frota.
"Todas as empresas de ônibus estão trabalhando no prejuízo", afirma diretor da EPTC
Em 2012, o governo municipal injetou R$ 5,3 milhões e em 2011 foram R$ 10 milhões. O dinheiro vai para o caixa e na prática pode pagar qualquer conta. Os repasses ocorreram sempre no mês de dezembro.
- A Carris é o próprio município e regula a qualidade do transporte público de Porto Alegre. Nós temos os ônibus mais seguros e confortáveis para usuários e funcionários, portanto mais caros. Isso causa despesa maior. A integralização de capital visa auxiliar na aquisição dos veículos. Não é subsídio - defende o presidente em exercício.
A Carris transporta 22% dos passageiros de Porto Alegre. Em 2012, a empresa transportou 76 milhões de passageiros e 51 milhões pagaram o bilhete. Um terço é isento.
- A partir de julho de 2011, a segunda passagem gratuita começou a valer e tem dado prejuízo - reclama Abreu.
Sem reajuste de tarifa, o diretor acredita que dependerá mais dos aumentos de capital por parte de prefeitura. Depois da suspensão da nova tarifa, ele justifica a necessidade por dois reajustes do diesel e o dissídio dos rodoviários em 2013. Nos últimos 10 anos, a prefeitura aumentou o capital na empresa em 2009, 2011 e 2012. O valor de R$ 5,3 milhões no ano passado é o equivalente a 1 milhão e 859 mil passagens ou a 10 centavos por passagem paga.
Desde 1995, a companhia fechou com prejuízo em 2008 e nos últimos dois anos. O balanço de 2012 não está fechado, mas o resultado é negativo. A receita soma R$ 146 milhões. A empresa comprou 13 ônibus articulados no último ano, avaliados em R$ 1 milhão cada um. A Carris tem frota operante de 371 coletivos. A própria empresa admite que o ideal seria renovação de 10% da frota anualmente.
Os outros 0,03% das ações da Carris estão com aproximadamente 700 acionistas. Entre eles, a presidente Dilma Rousseff. No governo do prefeito Alceu Collares, ela foi do conselho fiscal e ganhou uma ação, pratica comum já que conselheiros precisam ser acionistas.
Tribunal de Contas do Estado
Em dezembro de 2012, a vereadora Sofia Cavedon (PT) encaminhou representação ao Ministério Público de Contas, pedindo auditoria na Carris. Ela listou reclamações dos trabalhadores, como os prédios inacabados da administração e da creche para filhos de funcionários, grave dificuldade de manutenção dos ônibus pela indisponibilidade de peças de reposição, grande número de cargos de confiança, etc.
- Tudo indica que não há boa gestão na nossa empresa de ônibus, portanto grande dificuldade da prefeitura de ter parâmetros para a prefeitura fazer o debate do custo de passagem e da qualidade dos outros consórcios - avalia Sofia.
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