André Fiedler
A falta de espaço para grandes investimentos e ampliação da capacidade do aeroporto Hugo Cantergiani motivaram a busca em 2002 por uma área para a construção de um novo terminal. Estudos apontaram uma área de 445 hectares em Vila Oliva como a mais viável. Uma das vantagens é que o ponto não costuma ter neblina.
Em 2012, o projeto foi incluído no Programa de Desenvolvimento da Aviação Regional, criado pelo governo federal. O anúncio criou a expectativa de concretizar a construção em menor tempo. Com o imbróglio surgido a partir da afirmação do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, de que Vila Oliva atenderá somente a passageiros, a Câmara de Indústria Comércio e Serviços de Caxias e a prefeitura tentam encontrar meios de viabilizar também o transporte cargueiro.
A esperança é conceder o terminal à iniciativa privada. Segundo a CIC, pelo menos cinco investidores internacionais, além de outros nacionais, têm interesse em construir o aeroporto. Um deles é a sul-coreana Hyundai. Privado ou público, a aposta é de que a construção de Vila Oliva criará a infraestrutura necessária para novas operações aéreas na Serra, como acredita o piloto Gabriel Marchesini.
"O projeto de Vila Oliva é muito importante para nós a longo prazo. Tu consegues ter um aeroporto maior, com capacidade de cargas e passageiros, agregando dois serviços. Um aeroporto de categoria internacional, no qual uma aeronave de fora possa vir a Caxias, possa trazer empresários que queiram investir em Caxias".
Vila Oliva também é a aposta do setor turístico. Como fica a cerca de 25 quilômetros de Gramado, os cerca de 7 milhões de visitantes que passam todo ano pela região das Hortênsias poderiam desembarcar diretamente na Serra. Isso encurtaria o tempo de viagem em pelo menos duas horas, tempo que leva para se deslocar do Salgado Filho para Gramado e Canela. O prefeito de Gramado, Nestor Tissot, acredita que o investimento vai, inclusive, ampliar o número de turistas.
"Hoje um grande público que visita Gramado é o público nordestino. Imagine sair de Fortaleza, Natal, Recife. Até Gramado é um dia e meio de viagem praticamente. Então tem que ter muita coragem e vontade de atravessar o Brasil para vir a Gramado. Com um voo direto de São Paulo a praticamente Gramado (Vila Oliva), o número de pessoas que virá a mais é tão grande que não sabemos nem mensurar".
Para que o terminal seja viável, é preciso também bons acessos. A estrada que liga Vila Oliva a Gramado precisaria passar por intervenções, mas até agora há apenas projeto de alargamento no lado caxiense. No ano passado, o Estado também havia iniciado estudos para a duplicação da Rota do Sol até Fazenda Souza. Segundo o Secretário de Transportes, Pedro Westphalen, porém, nada pode ser feito até a conclusão dos estudos ambientais dentro da Secretaria Nacional de Aviação Civil.
"Neste momento não se pode fazer nada, nem projeto, porque está na fase de liberação ambiental. Não tem o que fazer a não ser esperar o estudo que se faz na Secretaria Nacional de Aviação Civil".
Enquanto isso, a prefeitura e a CIC elaboram um documento comprovando o interesse dos investidores. Ele será enviado ao governo federal junto com um estudo a ser elaborado nos próximos meses para tentar viabilizar a concessão. Outro ponto em discussão é como realizar a desapropriação. O Estado não garantiu a destinação de pelo menos R$ 15 milhões que havia prometido no ano passado. Como parte dos investidores privados se ofereceram a pagar as indenizações, o desafio é viabilizar o processo de forma legal.
Segundo o professor de direito administrativo da PUC e da UFRGS Juarez Freitas, a desapropriação deve estar prevista no edital da licitação para concessão. Enquanto nada é definido, o certo é que ainda falta muito para que Vila Oliva se torne realidade.
*Colaboraram Cristiane Barcelos (Jornal Pioneiro) e Jean Prado (RBSTV)