A solução apresentada pelo governo federal para o impasse da demarcação de terras não agradou aos indígenas. A reunião realizada na sede do Ministério Público (MP), nesta quarta-feira (04), acabou em tumulto. Indígenas impediram o chefe do gabinete do governador, Ricardo Zamora, de sair da sede do MP. Ele precisou da ajuda da Brigada Militar para deixar o prédio.
A reunião teve representantes da Procuradoria da República, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Fundação Nacional do Índio (Funai), e também do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República. A proposta dos governos federal e do Estado foi de disponibilizar 6,4 mil hectares de terras para acabar com conflito da demarcação. Os indígenas ficaram insatisfeitos. O presidente do Conselho de Articulação Indígena Kaigang da Região Sul (Caik), Augusto Alpen da Silva, disse que os índios não deixarão as terras demarcadas pela Funai:
- Não vamos aceitar porque muitas vezes o projeto do governo é desapropriar terra para índios. Nós queremos demarcação oficial que é terra garantida. Se tem dinheiro para desapropriar, ele vai desapropriar para os agricultores e não para os índios. Nós queremos demarcação oficial, homologada, assinada pelo presidente da República e registrada em cartório de imóveis do município onde a área pertence - argumentou.
Embora não se fale em prazo para disponibilizar as terras, Gilberto Carvalho minimizou o discurso dos indígenas. O ministro falou que o momento agora é de diálogo.
- Nós estamos propondo um processo de mediação que vai começar imediatamente com assistência do Ministério Público. Nós precisamos fazer o processo de maneira que não seja depois contestada na Justiça - afirmou:
Os índios encaminharam mais uma pauta de reivindicações, que deve ser discutida em outubro. O Estado possui atualmente seis áreas declaradas indígenas que atingem cerca de 15 cidades gaúchas. A Funai estuda outras 19 áreas que possam ser consideradas indígenas.
Confira o vídeo com o momento da confusão na sede do MPF. Nas imagens, um assessor ligado a Zamora discute com o advogado dos indígenas:
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